Ouro! Ouro!
Prata e diamante!
Triste o agouro
do dinheiro ao amante.
Confia no poder
e da riqueza faz seu leito,
cobre-se de glória
e medalha dorme ao peito.
Pobre, pobre e enganado!
Rico e abastado, ostentoso e saciado,
até que caia a ilusão do bem agora engastado.
Pois ao chão pertence o olhar
e ao coração, do ouro, o ferrolhar,
preso que está na pedra a admirar.
Acumula, acumula, acumula,
repleto de alegria ulula;
Encontrei minas! — dança e pula,
e ao pé do ouvido a gema o bajula.
Mal sabe que enredou-se,
em perigo afundou-se,
em morte lenta, doce,
como se imortal fosse.
Olha para o alto — disse o sábio;
Que há de bom lá? — gemeu o lábio;
Repouso e vítreas fontes — respondeu;
Há tesouro para chamar de meu?;
Não, mas regozijo duradouro;
Desejo a morte, se não tem ouro.
Ouro! Ouro!
Prata e diamante!
Triste o agouro
do dinheiro ao amante.
Caminha lento, néscio à cova,
e ora há quem o demova?
Tranquilo deita em morna alcova,
como espera sorte chova.
Eis que o fim dos dias vem,
e da negra dama vira o rico refém,
e ela, caçoando, ri com desdém,
Tudo que ajuntaste deixo agora para alguém.
—
Gabriel Lago.
—
Gabriel Lago.
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